Dados do Trabalho

Título

Comparativo no processamento de dispositivos médicos de dois sistemas robóticos

Introdução

A cirurgia robótica surgiu como forma de evolução das cirurgias minimamente invasivas aumentando a capacidade humana de movimentos com maior precisão e destreza. Nas últimas décadas, uma grande variedade de robôs cirúrgicos foi implantada no mundo e a partir de meados de 2000 atingiu um crescimento vertiginoso tornando-se preferência graças aos benefícios que garantem melhores condições cirúrgicas articulando ciência, segurança e qualidade1,2,3. O sistema robótico (A) é a plataforma mais difundida mundialmente, mas, apesar da hegemonia, a evolução em busca de melhorias trás potenciais concorrentes como o sistema robótico (B) presente desde 20142. Contudo, permanece o desafio no processamento dos dispositivos específicos para os profissionais que atuam na central de material e esterilização (CME).

Objetivo

Analisar comparativamente o processo de limpeza, preparo e esterilização dos dispositivos médicos específicos de dois sistemas robóticos disponíveis na instituição.

Método

Relato de experiência desenvolvido em hospital particular de grande porte, perfil cirúrgico, localizado em São Paulo através da avaliação das adaptações necessárias na CME para processar os dispositivos médicos, design e instruções de uso dos fabricantes de dois sistemas roboticos diferentes.

Resultados

O processo de pré-limpeza e limpeza manual de ambos os sistemas são semelhantes. Para o sistema (A) foi necessária aquisição de equipamento de limpeza automatizada específico já que os dispositivos são maiores em comprimento e incompatíveis com as tecnologias disponíveis. A raque comporta até seis pinças na carga. A ótica e cabos monopolar e bipolar são submetidos somente à limpeza manual. A ótica apresenta maior dificuldade na manipulação por ser acoplada com o cabo de fibra e a esterilização é por plasma de peróxido de hidrogênio. Os trocartes são permanentes e submetidos a termodesinfecção. Apresentam graduação que de tempos em tempos apagam, sendo necessário retirar para gravação com alinhamento na agenda de procedimentos. Para o sistema (B), é indicada a limpeza automatizada em termodesinfectadora, validada pelo fabricante os modelos disponíveis no hospital. Em caso de quebra, a lavadora ultrassônica pode ser utilizada realizando a limpeza de até nove pinças. Os dispositivos possuem tamanho menor e foram adaptados à raque de assistência ventilatória, com aquisição de um kit de mangueira com conector sendo possível lavar até seis pinças no ciclo. A ótica bem como os cabos monopolar e bipolar são passíveis de limpeza automatizada e esterilizados pelo método de vapor saturado a 134°C permitindo a montagem de uma única carga, com todos os itens. Necessário adequação do tempo de secagem na termodesinfetadora de acordo com a recomendação e para tal, qualificamos um novo ciclo denominado robô. Os trocartes de vídeo cirurgia são descartáveis, com menor volume de dispositivos. Foram desenvolvidos protocolos específicos para ambos os sistemas e treinamento da equipe operacional.

Conclusões

Verificamos que a realização da limpeza e preparo da tecnologia do sistema robótico (A) exigem mais recomendações como a aquisição do equipamento. Já para a tecnologia do sistema robótico (B), as adaptações são mais simples, sendo possível que a instituição utilize os equipamentos disponíveis e com maior adaptabilidade as tecnologias. Entretanto, a maior diferença é a possibilidade de um único processo de limpeza automatizada e esterilização a vapor de todos os dispositivos do sistema (B) enquanto do sistema (A) passam por três processos de limpeza diferentes e dois de esterilização, sendo mais moroso e de custo mais elevado.

Palavras-chaves

Robótica; Desinfecção; Esterilização.

Referências

1. Claudio L. História e o futuro da cirurgia robótica. [publicação on line]; 2020 [acesso 04 abril 2022]. Disponível em: https://www.sanarmed.com/historia-e-o-futuro-da-cirurgia-robotica-colunistas.
2. Morrell ALG, Morrell Junior AC, Morrell AG, et al. Evolução e história da cirurgia robótica: da ilusão à realidade. Ver. Col. Bras. de Cir., 2021 [acesso em 07 de abril de 2022];48. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0100-6991e-20202798.
3. Capuchino LC, Francisco M. Comparação da limpeza manual e automatizada por lavadora ultrassônica em pinças robóticas. Jacareí.Trabalho de conclusão de curso [MBA em Central de Material Esterilização], Faculdade INESP; 2019.