Dados do Trabalho
Título
Centralização do processamento das lâminas de laringoscópios, ônus ou bônus?
Introdução
As boas práticas no reprocessamento de produtos para saúde (PPS) são atividades desenvolvidas pelo Centro de Materiais e Esterilização (CME) e representam umas das chaves para o controle e prevenção de infecção hospitalar. Na prática assistencial, a limpeza dos laringoscópios tem sido negligenciada, recomenda-se encaminhamento ao CME pós uso para serem submetidos ao reprocessamento. A falta de padronização da limpeza das lâminas de laringoscópios pode acarretar transmissão de infecções.
Objetivo
comparar o resultado da presença de matéria orgânica por meio de Trifosfato de Adenosina (ATP) em laringoscópios limpos no CME e nas unidades assistenciais. Como objetivo secundário, identificar variáveis relacionadas ao processo de limpeza e armazenamento das lâminas de laringoscópio locadas nas unidades assistenciais.
Método
Estudo descritivo-exploratório, composto por 24 lâminas de laringoscópios metálicos, com lâmpadas de LED removíveis armazenadas em diferentes unidades do hospital. No momento da coleta, na própria unidade, as lâminas foram identificadas, armazenadas em sacos plásticos e encaminhadas ao CME. Posteriormente realizou-se o teste ATP de superfície, medido em unidades relativas de luz (RLU) em todas as lâminas, seguido pela divisão aleatória em dois grupos. Um grupo foi submetido a diferentes processos de limpeza nas unidades assistenciais (sabão neutro e/ou solução à base de biguanida (PHMB) e/ou álcool 70%), o outro grupo, além da limpeza realizada na unidade de origem, as lâmpadas e lâminas foram limpas com detergente neutro, escovadas, enxaguadas com água purificada, secas manualmente e embaladas em sacos plásticos. Tanto a testagem de ATP dos PPS, quanto a análise dos resultados de ATP foram realizadas de forma cega. Os dados foram apresentados como mediana e intervalo interquartil (IQR), utilizamos o teste de RANCOVA para comparar os grupos, a diferença estatística adotada foi de p-valor <0,05 e foi utilizado o software SPSS (versão 28.0).
Resultados
Não houve diferença estatística na quantidade de RLU entre os dois grupos antes da intervenção (grupo 1, mediana: 789,00; IQR 4996,00 e grupo 2, mediana: 112,00; IQR: 335,00; p-valor 0,143). Após a intervenção houve diferença estatística entre os dois grupos, o grupo 1 apresentou maior redução na quantidade de RLU (grupo 1, mediana: -570,50, IQR: 4898,00; grupo 2, mediana -268,00, IRQ: 2977,00; p-valor: 0,001). Nas coletas das lâminas observou-se divergências quanto às boas práticas na limpeza realizada pela equipe das unidades assistenciais, falta de padronização no armazenamento e resíduos de etiquetas de identificação desgastadas coladas no corpo da lâmina.
Conclusões
O método de limpeza realizado no CME apresentou maior efetividade quando comparado ao outro método, além disso, identificamos falta de padronização na limpeza das lâminas entre as diferentes unidades do hospital. São necessários mais estudos com esta temática e com amostra maior para corroborar com as evidências deste estudo.
Palavras-chaves
Laringoscópios; Infecção hospitalar; Enfermagem.
Referências
1. Negri SAC, Vilas Boas VA, Levy CE, Pedreira de Freitas MI. Laryngoscopes: Evaluation of microbial load of blades. Am J Infect Control. 2016; 44(3):294-98.
2. Costa EAM. Reprocessamento de produtos: estado da arte à luz dos estudos de Kazuko Uchikawa Graziano. Rev. SOBECC. 2018; 23(3): 142-54.
3. Rutala WA, Weber DJ. Disinfection, sterilization, and antisepsis: An overview. Am J Infect Control. 2016 May 2;44(5 Suppl):e1-6.
Área
Prevenção e Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde
Categoria
Enfoque na prática
Autores
Edvan Adalberto Dias dos Passos, Renata Maria Ribeiro de Souza Martinez Felício, Kamila Machado de Freitas, Graziela de Paula, Rose Murakami, Simone Martinelli, Jéssica da Silva Cunha Breder