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2° Congresso Internacional do GRAACC

Dados do Trabalho


Título

Lactente com grave hipertrigliceridemia com esteatose hepática induzida pela Peg-asparaginase: relato de caso

Apresentação do caso

Menina, 4 meses, com hematomas e febre, com leucometria de 450.000/mm³ e diagnóstico externo de Leucemia Linfoide Aguda (LLA) B sem alterações genéticas associadas. Iniciado protocolo IC-BFM 2009 em 06/2023, recebeu 5 doses de Peg-asparaginase, sem toxicidades, e remissão morfológica ao término da indução, com persistência de doença residual mínima de 2,8%. Foi transferida ao GRAACC, em 01/2024, aos 11 meses em franca recaída medular isolada muito precoce de Leucemia do Lactente KMT2A::AFF1. Durante Interfant-06, para citorredução pré-imunoterapia, após 1ª dose de Peg-asparaginase 1500U/m², evoluiu com hipertrigliceridemia (hiperTG) assintomática de 1572mg/dl, grau 4 segundo Common Terminology Criteria for Adverse Events (CTCAE), e tomografia computadorizada (TC) de abdome com extensa esteatose hepática. Os níveis alcançaram até 1922mg/dl, associados à colestase, cuja reavaliação de TC de abdome evidenciou hepatomegalia e persistência de esteatose grau 3. Manteve-se sob quimioterapia, exceto pela descontinuidade da peg-asparaginase, e manejo com dieta hipogordurosa, terapia combinada com fenofibrato, ômega 3 e colestiramina por 2 meses, com normalização - 151mg/dl - dos triglicérides (TG), na ausência de dilatação de via biliar ou pancreatite e preservação da função hepática.

Discussão

A Peg-asparaginase é um componente terapêutico essencial para LLA na infância, diretamente relacionada ao alcance de sobrevida global, em torno de 90%. Contudo, as toxicidades graves relacionadas à droga podem ocorrer em mais de um 1/3 dos casos, como reação relacionada à infusão, hipersensibilidade imunomediada, hepatotoxicidade, eventos trombóticos e pancreatite. A hiperTG é um evento raro, cuja resolução é comum apenas com medidas dietéticas na infância. Relatamos o caso de uma criança, com reexposição à Peg-asparaginase e hipertrigliceridemia grave, colestase e extensa esteatose hepática, com evolução clínica e radiológica favoráveis. O mecanismo etiológico de hiperlipidemia secundária à asparaginase ainda não está completamente esclarecido, relacionada ao aumento da síntese de VLDL, com redução da atividade da lipoproteína-lipase causados pela enzima.

Comentários Finais

O risco de hiperTG tem sido superior com Peg-asparaginase comparado com uso de asparaginase nativa. O monitoramento sistemático do perfil lipídico após exposição à PEG-asparaginase pode reduzir a incidência de hiperTG grave e suas consequências, e embora rara, exige intervenção precoce se nível de TG acima de 1000mg/dl.

Área

Leucemia e/ou linfoma

Categoria

Categoria Médico

Autores

Luiza Dornelles Penteado Pacheco e Silva, Orlei Ribeiro de Araujo, Dafne Cardoso Bourguignon da Silva, Henrique Manoel Lederman, Barbara Pinto Nasr, Ana Virginia Lopes de Sousa