IMPACTO DO COMPRIMENTO DO FRAGMENTO DA BIOPSIA TRANSRETAL NO SUBESTADIAMENTO DO CANCER DE PROSTATA EM PACIENTES NEGROS
Introdução: Homens negros têm maior risco de desenvolver câncer de próstata (Cap) letal quando comparados aos brancos, apesar da etiologia ainda ser incerta, podendo decorrer de fatores genéticos, socioeconômicos, ou outros. Em pacientes com diagnóstico inicial de Cap de muito baixo risco, uma elevação do grau histológico - Gleason (upgrading) e/ou do estadiamento (upstaging) ocorrem principalmente em negros submetidos à prostatectomia radical. Se a principal base para o diagnóstico e estadiamento do Cap é a biópsia da próstata, questiona-se se prognósticos distintos entre as etnias poderiam ser explicados por diferentes características na biópsia. Objetivo: Analisar e comparar parâmetros clínicos, características das biópsias de próstata e produtos das prostatectomias radicais de brancos e negros, a fim de identificar fatores significativos que ajudem a explicar o pior prognóstico do Cap no segundo subgrupo. Métodos: Estudo retrospectivo que comparou dados clínicos, de biópsias de próstata e cirúrgicos, de 203 pacientes entre 42 e 76 anos que se submeteram à prostatectomia radical em até 60 dias após a biópsia no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas. Resultados: Em populações clinicamente homogêneas de brasileiros brancos e negros com acesso semelhante ao sistema de saúde, os únicos resultados significantes na primeira análise foram o comprimento do fragmento da biópsia de próstata sem neoplasia do negro menor que a do branco (1.04 ± 0.38 vs. 1.17 ± 0.31 cm, p=0.038), e o tamanho médio do fragmento (1.10 ± 0.32 vs. 1.20 ± 0.29 cm, p=0.037). Na segunda correlação, vimos que a extensão média do fragmento no paciente com toque retal normal foi 12.4 mm vs. 11.1 mm nos homens com toque suspeito para neoplasia (p=0.003). Conclusão: Esse dado sobre o comprimento do core é novo e, por contribuir com aumento do número de biópsias falso-negativas (subdiagnóstico), ou por subestadiar um paciente com câncer de próstata, pode explicar o pior prognóstico do Cap em pacientes dessa etnia.
neoplasias da próstata; Grupo com Ancestrais do Continente Africano; biópsia
Uro-oncologia
Unicamp - São Paulo - Brasil
Wilmar Azal Neto, Guilherme Miranda Andrede, Leonardo Oliveira Reis