ANALISE CRITICA RETROSPECTIVA DOS CASOS DE SUSPEITA DE TORÇAO TESTICULAR OPERADOS NO HOSPITAL DA SANTA CASA DE SAO PAULO: TEMPO DE ATENDIMENTO, DIAGNOSTICO, TRATAMENTO E DESFECHO FINAL
Introdução:
A torção de testículo (TT) ocorre por rotação anômala do mesmo em relação ao seu eixo vascular, levando a isquemia tecidual, com possível evolução para necrose se não tratada a tempo. O intervalo recomendado entre diagnóstico e conduta é de menos de 6h. No exame físico, são comuns sinais clássicos como o Sinal de Prehn. É considerado urgência médica, o tratamento é cirúrgico e não deve ser postergado para exames de imagem complementares.
Objetivos:
Analisar retrospectivamente os casos de TT tratados no Hospital da Santa Casa de São Paulo (HSCSP) de abril de 2017 a março de 2019. Avaliar criticamente o tempo de demora até o diagnóstico e o tempo até a cirurgia. Traçar o perfil de idade, lateralidade e estação do ano que ocorreram.
Métodos: Foram revisados os casos de TT tratados no HSCSP de abril de 2017 a março de 2019. Durante esse período, foram operados 58 pacientes, dos quais 12 foram excluídos por falta de preenchimento correto do prontuário eletrônico (N=46).
Resultados:
Dos 46 pacientes inclusos 32,6% foram na primavera, 28,2% verão, 21,7% outono e 17,4% inverno. A idade média foi de 18,2 anos (14 a 37 anos) e em 56,5% ocorreram no lado direito. O tempo médio entre o início dos sintomas e a chegada ao Pronto Socorro foi de 59,54h. Apenas 6 pacientes operados em menos de 6h. Um total de 24 pacientes demoraram 24h ou mais até chegada ao PS (24h a 360h). Como conduta inicial, 78,2% dos pacientes foram submetidos a ultrassonografia com doppler. A manobra de Prehn foi negativa em 47,8%. Foi necessário orquiectomia para 26% dos pacientes. O tempo médio entre abertura da Ficha de atendimento até a cirurgia foi 5,85h nas orquidopexias bilaterais e 24,35h nas orquiectomias. Da mesma forma, o tempo médio de dor nas orquidopexias bilaterais foram de 41,4h e das orquiectomias de 117h.
Conclusões:
Nosso estudo demonstra que deve ser iniciada uma investigação dos fatores que levam a baixíssima eficiência do SUS em São Paulo de prover atendimento adequado aos pacientes com torção de cordão. Talvez por triagem inadequada dos pacientes, superlotação do serviço e, além disso, solicitação exagerada de exame de imagem. Evidenciou-se atraso na tomada de decisão e conduta ativa definitiva, em virtude de demora para atendimento inicial e resultado de exames complementares. Aponta-se a necessidade de uso de “score” clínico para diagnóstico precoce e possivelmente capacitação de serviços de porte secundários para atendimento.
torção testicular; orquiectomia; orquidopexia bilateral; tempo de atendimento; tempo até cirurgia
Trauma / Uretra / Urologia Reconstrutora
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo - Brasil
VICTOR NOTARI DE CAMPOS, FERNANDA MONTEIRO ORELLANA, ALAN RECHAMBERG ZIROLDO, ROBSON CRISTIAN VIRGILIO , MARCOS BROGLIO, PABLO LEONARDO TRAETE, LUIS GUSTAVO MORATO DE TOLEDO, GIOVANI BROGLIO VASQUES, LUIZ FELIPE DE MELLO PEREIRA LEITÃO, RAFAEL RIBEIRO ZANOTTI