URETROPLASTIA PENIANA SUBSTITUTIVA COM ENXERTO DE MUCOSA JUGAL COM ABORDAGEM DORSO LATERAL POR VIA PERINEAL EM UM CASO SELECIONADO DE PAN-ESTENOSE URETRAL
Introdução: A escolha da técnica de reparo cirúrgico para uretra peniana representa um desafio, sendo mais desafiadora quando comparado a estenose de uretra bulbar. Ao se comparar as técnicas, o corpo esponjoso na uretra peniana não cobre adequadamente os enxertos aplicados ventralmente, o que reduz a probabilidade de sobrevivência do enxerto com menor taxa de complicações. Ademais, a mobilização excessiva da uretra peniana pode comprometer o suprimento sanguíneo das artérias circunferenciais. Kulkarni propôs um enxerto dorsolateral unilateral que elimina a necessidade de mobilização circunferencial completa da uretra e preserva a integridade neurovascular do músculo bulboesponjoso.
Objetivos: Os autores descrevem no portfólio a utilização do enxerto de mucosa oral posicionado através de um acesso dorsolateral segundo técnica descrita por Kulkarni.
Métodos: Paciente posicionado em litotomia, com acesso à uretra peniana através de uma incisão perineal. Todo corpo cavernoso e uretra são mobilizados através desta incisão com a completa eversão do pênis. Um cateter de 20 fr é posicionado pela uretra para identificação da exata área de estenose. A uretra é mobilizada lateralmente no sentido dorsolateral, não completamente isolada do corpo cavernoso, mantendo-se a fixação unilateral. Realiza-se uma incisão dorsal na uretra de modo que esta avance de 5 a 10 mm em direção à uretra mais saudável proximal e distalmente, contemplando toda a uretra peniana doente (15 cm). Dois enxertos de mucosa oral, retirados da região jugal direita (8 cm) e esquerda (7 cm), são posicionados na área da uretrotomia e fixados à uretra com pontos separados de PDS 5-0. Uma sonda 16 fr é deixada na uretra por 14 dias. Após o término do procedimento, pênis e uretra são reposicionados através da incisão perineal.
Resultados: A técnica permite um acesso seguro e rápido à uretra peniana para posicionamento de enxertos e o acesso dorsolateral com mobilização reduzida garante um melhor suprimento sanguíneo com maior taxa de sobrevida livre de recidiva e menos complicações.
Conclusões: O acesso perineal permite manipular estenoses em uretra peniana mesmo que localizadas na porção media ou distal e por não manipular a pele peniana acrescenta menor morbidade e vantagens cosméticas ao paciente, com resultados semelhantes a outras técnicas mais agressivas, tais quais os retalhos fasciocutâneos de pele genital, sendo ainda uma alternativa minimamente invasiva à uretroplastia dorsal convencional.
uretroplastia peniana; enxerto; mucosa oral; Kulkarni
Trauma / Uretra / Urologia Reconstrutora
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo / HCFMRP-USP - São Paulo - Brasil
Alan Cantalabio Costa, André Guilherme Lagreca da Costa Cavalcanti, André Antônio Batista, Thadeu Baraldi Ferreira, Thiago Henrique Caetano da Silva, Sergio Franca de Souza Filho, Henrique Donizetti Bianchi Florindo, Silvio Tucci Junior, Pedro Lugarinho Menezes, Wanderson Pereira de Andrade