QUANDO SOLICITAR TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ABDOME ANTES DE INDICAR NEFROLITOTRIPSIA EXTRACORPOREA
Introdução: Os fatores que interferem no sucesso da nefrolitotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO) são índice de massa corpórea (IMC), distancia pele-cálculo (DPC), tamanho, densidade e localização do cálculo em cálice inferior com ângulo infundíbulo-pélvico (AIP) menor que 90°. A mensuração da densidade do cálculo, DPC e AIP dependem da tomografia computadorizada (TC), a qual apresenta custo elevado, nem sempre está disponível e expõe o paciente a radiação. No Brasil, a maioria das LECO é indicada baseada apenas nas informações fornecidas pela ultrassonografia (USG), como tamanho e localização do cálculo, levando-se em conta o IMC do paciente.
Objetivo: Avaliar, baseado nas variáveis possíveis de serem mensuradas sem o uso da TC, preditores de taxa de sucesso da LECO menor que 70% para selecionar pacientes que deveriam realizar TC, antes de indicar LECO, para mensurar as outras variáveis que interferem no sucesso da LECO e em casos de provável insucesso indicar ureterorrenolitoripsia flexível.
Método: Realizado estudo prospectivo, no período entre março de 2015 e junho de 2018, o qual avaliou 1777 procedimentos consecutivos de LECO, realizados, sob sedação, em cálculos renais entre 0,5 e 2 cm. Os cálculos renais foram diagnosticados e localizados durante a LECO por USG. As variáveis avaliadas foram: sexo, idade, IMC, tamanho e localização do cálculo (grupo calicial superior, médio ou inferior). USG de controle foi realizada 20 a 90 dias pós LECO e foi considerado sucesso a fragmentação completa ou parcial com fragmentos menores que 0,5 cm. Na maioria dos casos de insucesso, após a primeira LECO, foi realizado um único procedimento de reaplicação. Após excluir procedimentos nos quais a USG de controle não foi realizada e excluir da análise a primeira LECO, naqueles pacientes que foi necessária reaplicação, a análise estatística foi realizada em 1377 procedimentos.
Resultados: A taxa de sucesso da LECO foi de 82%. Em análise multivariada somente tamanho e localização do cálculo foram preditores de sucesso da LECO (p <0,0001 e p= 0,01032, respectivamente). Apresentaram taxa de sucesso inferior a 70% cálculos de 1 cm ou maior, de qualquer localização, e cálculos medindo entre 0,8 e 0,99 cm localizados em cálice inferior.
Conclusão: A TC deve ser solicitada antes de indicar uma LECO, para tratamento do cálculo renal diagnosticado por USG, para as litíases de 1 cm ou maior, de qualquer localização, e para aquelas de cálice inferior maiores que 0,8 cm.
nefrolitíase; ultrassonografia; litotripsia extracorpórea; tomografia computadorizada
Litíase / Endourologia
Pontifícia Universidade Católica do Paraná - Campus Londrina - Paraná - Brasil
Emerson Pereira Gregorio, Ulmar Dias Júnior, Lara Vicente Nelli, Patricia Caroline Ricardo, Tauane Cesaro