MIGRAÇAO DE CLIP DE HEMOSTATICO POS PROSTATECTOMIA ROBOTICA COMO CAUSA DE OBSTRUÇAO URETRAL E INFECÇAO URINARIA DE REPETIÇAO
Introdução: Nas últimas décadas, houve um grande aumento no número de prostatectomias robô-assistidas como forma de tratamento local do câncer de próstata, onde o uso de clips hemostáticos, como Hem-o-lok, é comum para o controle dos pedículos laterais. Com o uso rotineiro desses dispositivos surge também complicações inerentes não usuais e não encontradas em via cirúrgica clássica. Neste relato de caso, exemplifica-se uma situação de migração de clip hem-o-lok para região uretral após 2 anos de pós-operatório, gerando sintomas urinários obstrutivos, infecção urinária de repetição e microhematúria.
Relato de Caso: Paciente masculino de 68 anos no segundo ano pós-operatório de prostatectomia radical robô-assitistida realizada em Abril de 2016, em outro serviço, devido adenocarcinoma usual de próstata Gleason 6 (3+3) cT1 com PSA sérico de 5 ng/ml ao diagnóstico. No pós-operatório, PSA manteve-se indetectável e paciente apresentou-se continente e sem sintomas urinários obstrutivos. Após 12 meses, paciente inicia quadro de LUTS de esvaziamento moderados e apresenta repetidas uroculturas positivas para Klebsiella multi sensível. Neste serviço, realizado investigação de sintomas com uretrocistografia retrógrada evidenciando estreitamento na transição da uretra peniana com a bulbar, com imagem de falha de enchimento subsequente. Paciente submetido à uretroscopia e identificado em topografia de uretra bulbar estreitamento anelar pequeno e corpo estranho calcificado. Realizado transposição da estenose sem dificuldade e retirado corpo estranho (clip de Hem-o-lok) com pinça extratora sem dificuldades. Paciente evoluiu bem sem intercorrências, com melhora total dos sintomas urinários. Em culturas de 3 e 6 meses de pós operatório, exame de urina 1 não apresentou microhematúria e urocultura tornou-se negativa.
Discussão: O primeiro relato de migração de Hem-o-lok foi descrita em 2008 por Blumenthal et al, e o tratamento foi realizado endoscopicamente. Apesar da apresentação rara, o aumento da modalidade robô-assistida na realização de prostatectomia e consequente uso de clips hemostático, casos semelhantes ao reportado devem ser mais frequente e o urologista deve estar atento durante a cirurgia na colocação desses clips assim como no seguimento, em que a migração de clips deve constar nas hipóteses diagnósticas quando presente LUTS e/ou microhematuria e/ou infecção do trato urinário de repetição.
Prostatectomia; cirurgia robótica; complicação pós cirúrgica
Uro-oncologia
Escola Paulista de Medicina/ UNIFESP - São Paulo - Brasil
Tiago Aparecido Silva, Jorge Luis Wilson Junior, Luis Felipe Brandao, Renato Meirelles da Costa Junior, Vitor Bonadia Buonfiglio, Americo Toshiaki Sakai, Marcus Vinicius Sadi