COMPARAÇAO ENTRE A FUNÇAO E MORFOLOGIA DO ASSOALHO PELVICO DE MULHERES CONTINENTES E INCONTINENTES
Introdução: A perda do suporte uretral ou a falência dos mecanismos esfincterianos parecem ser os principais fatores envolvidos na fisiopatologia da incontinência urinária de esforço (IUE). Objetivos: Comparar a função e morfologia dos músculos do assoalho pélvico (MAP) entre mulheres continentes e incontinentes, e verificar quais parâmetros melhor predizem a IUE. Métodos: Quarenta e três mulheres continentes e 137 mulheres com IUE predominante participaram deste estudo. A morfologia do assoalho pélvico foi avaliada por meio da ultrassonografia translabial 4D (UST 4D) através da análise off-line do ângulo do platô do levantador (APL), distância sínfise-elevador (DSE), ângulo anorretal (AAR), posição do colo vesical (PCV), área hiatal (AH) e espessura do músculo puborretal (EMPR) em repouso. A função dos MAP foi avaliada por palpação digital (esquema PERFECT), eletromiografia de superfície (EMGs) e também foram realizadas análises dos parâmetros ultrassonográficos supracitados durante a contração dos MAP e calculado os deslocamentos obtidos a partir de seus valores em repouso. A comparação entre grupos foi realizada por meio de regressão logística ajustada para idade, número de partos vaginais e menopausa e, para identificar os parâmetros que melhor predizem a IUE, realizou-se regressão logística multivariada com critério stepwise para seleção das variáveis, adotando-se nível de significância de 5%. Resultados: Mulheres incontinentes apresentaram menor APL (p=0,03), maior DSE (p=0,01), maior AAR (p<0,0001), inferior PCV (p=0,0006), maior AH (p=0,007) e menor EMPR (p=0,007) quando comparado às mulheres continentes. Em relação à função dos MAP, as mulheres incontinentes apresentaram menos força (p<0,0001), endurance (p=0,006) e resistência (p=0,02), sendo que a maioria utilizou algum músculo acessório durante a contração dos MAP (p<0,0001), teve menos coordenação (p=0,0003) e ausência de contração reflexa (p<0,0001). Não foi encontrado diferença significativa entre os grupos quanto a avaliação dinâmica dos MAP realizada por meio da UST 4D e EMGs. Por fim, verificou-se que a PCV em repouso, a mudança no AAR e a EMPR em repouso, quando associado ao uso de músculos acessórios e à incoordenação dos MAP durante sua contração predizem em 42,2% a IUE. Conclusão: A anatomia e função dos MAP estão comprometidas em mulheres com IUE. Assim, para discriminar mulheres continentes e incontinentes, recomenda-se não restringir a avaliação dos MAP somente à força muscular.
assoalho pélvico; incontinência urinária de esforço; ultrassonografia.
Urologia Feminina
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - São Paulo - Brasil
Natalia Martinho, Simone Botelho, Anita Nagib, Daniel de Almeida Braga, Cássia Juliato, Andrea Marques, Rodrigo Jales, Cássio Riccetto