AVALIAÇAO URO-FUNCIONAL E DO PERFIL DE PACIENTES NA LISTA DE ESPERA DE ESTUDO URODINAMICO
INTRODUÇÃO: O exame de urodinâmica é usado no diagnóstico de patologias do trato urinário baixo. Embora existam indicações na literatura para sua execução, faltam protocolos padronizados, o que alimenta uma fila de espera de mais de 4000 de nosso serviço, cujo critério é ordem de chegada. Assim, este estudo tem por objetivo traçar o perfil de tais pacientes e criar um questionário de triagem uro-funcional para fomentar a criação de linha de cuidado dos pacientes de um Hospital Universitário.
MÉTODO: Uma amostra randomizada foi avaliada por via telefônica, de julho a setembro de 2018, a partir de um questionário uro-funcional estruturado pela equipe de pesquisa.
RESULTADOS: Foram realizadas 396 ligações, sendo que 86 respostas foram registradas. 10 pacientes foram registrados como falecidos e 225 como ˮnão existe/não atendeˮ. Dentre os entrevistados, 62,7% tinha mais de 60 anos e 81% eram do sexo feminino, das quais 12,8% relataram presença de prolapso de órgão pélvico(POP). Apenas um entrevistado referiu ter rim único/ transplante renal. A bexiga neurogênica(BN) foi referida em 17,4% e não teve correlação significativa com os fatores “infecção nos rins” (p=0,15) e acometimento renal não infeccioso (p=0,09). Já a hiperplasia prostática benigna(HPB) foi referida em 10,4%, a qual teve correlação significativa com a idade avançada dos pacientes (p=0,01), assim como a quantidade e frequência de perda de urina diária (p <0.001). O acometimento renal não infeccioso foi referido por 20 entrevistados e teve correlação significativa com presença de “infecção nos rins ou bexigaˮ (p=0,002) e com a quantidade de urina perdida (p=0.02). Por um erro do formulário eletrônico, as informações sobre incontinências urinárias não puderam ser avaliadas. A BN é a condição clínica com maior risco para o paciente e tem na urodinâmica uma alternativa de mitigar suas complicações. Embora referida pelos entrevistados, não houve correlação entre tais condições e BN, em consequência do número de entrevistados. Já HPB tem evidência nível B de recomendação de urodinâmica, como valor preditor de desfechos após a cirurgia. Para as incontinências urinárias (refratária, mista, de esforço e bexiga hiperativa), a literatura já indica que o papel da urodinâmica é limitado.
CONCLUSÃO: Desse modo, temos um gerenciamento de fila de espera falho, que permite alta prevalência de morbidade dentre os que aguardam a urodinâmica e que suscitam questionamentos sobre a indicação do exame neste contexto.
URODINÂMICA;BEXIGA NEUROGÊNICA; INCONTINÊNCIA URINÁRIA; FILA DE ESPERA
Uroneurologia / Disfunção Miccionais / Urodinâmica
COMPLEXO DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UFPR - Paraná - Brasil
LYDIO BARBIER NETO, ROGÉRIO FRAGA, JOSÉ EDUARDO PÉCORA JÚNIOR, ANA TEREZA LOPES PÉCORA, Martha Beatriz de Souza Tavares Passos, Carmen MAYANNA JAMUR, GISELA MARIA ASSIS, Maria Helena Oliveira Santos