CONHECIMENTO ACERCA DE SAUDE SEXUAL E REPRODUTIVA ENTRE MULHERES PORTADORAS DE ESPINHA BIFIDA
Introdução:
Alguns estudos apresentam dados associando a gestação em pacientes com SB com maiores taxas de complicações, especialmente após reconstruções vesical. Assim, consideramos este um tema relevante entre os urologistas.
Objetivo:
Este estudo tem como objetivo avaliar o status educacional de mulheres jovens com EB sobre tópicos essenciais acerca de saúde sexual e reprodutiva.
Materiais e métodos:
Um estudo multicêntrico de corte transversal baseado em entrevista pessoal incluindo 253 pacientes com EB foi realizado na Associação Espanhola de Espinha Bífida, com base nas cidades de Barcelona, Madrid e Málaga de 2016 a 2018. Entre estes, 126 pacientes do sexo feminino que regularmente consultavam em uma clínica urológica foram questionadas sobre temas sexuais e obstétricos e sua relação com sua condição crônica.
Resultados:
As pacientes apresentaram média de idade de 25 anos (variação de 18 a 40 anos) e 35,2% relataram já ter tido pelo menos uma experiência sexual, sendo que em 58,2% destas ocorre regularmente. No entanto, apenas 50% das pacientes sexualmente ativas usam um método de controle de natalidade e, entre estas, as preferências foram: 58,8% de preservativo, 23,5% de anticoncepcionais hormonais, 13,7% de coito interrompido e 3,9% fazem uso de método baseado no cálculo do ciclo menstrual. Além disso, 37,2% afirmam que nunca realizaram avaliação ginecológica antes de iniciar o acompanhamento urológico.
No que tange às preocupações sexuais específicas da população portadora de EB, 8% não sabiam que poderiam ter relações sexuais, 18% estavam desinformados sobre a possibilidade de gravidez, 53,9% desconheciam o fato de que possuem maior risco de ter filhos com EB e 22,3% não tinham conhecimento acerca de métodos para prevenção de EB, como a suplementação com ácido fólico.
Em relação à educação sexual, apenas 54,8% dos pacientes consideram que obtiveram instruções sobre o tema e 34,1% relatam que nunca falaram sobre isso em sua vida. Entre aqueles que receberam informação sexual, apenas 16,7% informaram que foi durante consultas médicas.
Conclusão:
Esse estudo demonstra a necessidade de melhorar a comunicação entre profissionais de saúde e portadores de EB sobre sexualidade e os riscos gestacionais. Como a maioria desses pacientes acompanha regularmente em uma clínica urológica, acreditamos que os urologistas são os profissionais mais treinados para tratar e informar acerca destes temas, entretanto muitos ainda não o fazem.
mielomeningocele; gestação
Disfunção Sexual
Fundació Puigvert - - Spain, Universidade Federal de Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil
Guilherme Lang Motta, Daniele Feliciani Taschetto, Maira Zancan, Anna Bujons, Tiago Elias Rosito