Dados do Trabalho


Título

CRIOPRESERVAÇAO SEMINAL PARA PRESERVAÇAO DA FERTILIDADE EM PACIENTES COM CANCER: 480 CASOS, 23 ANOS DE CRIOPRESERVAÇAO

Resumo

INTRODUÇÃO: O tratamento para o câncer (ca), principalmente quimioterapia (QT), radioterapia (RT) e cirurgia, oferece risco para a espermatogênese e pode comprometer a fertilidade masculina. A criopreservação de sêmen antes do tratamento pode preservar a fertilidade destes indivíduos.
OBJETIVO: o principal objetivo do estudo foi avaliar os parâmetros demográficos e a atitude em relação ao sêmen criopreservado de homens com câncer de um programa com 23 anos de duração.
MÉTODOS: estudo observacional, de coorte, retrospectivo. Foram avaliados os dados de pacientes masculinos com câncer que criopreservaram sêmen entre 1993 e 2018. Os dados foram obtidos de uma plataforma prospectiva de dados e foi utilizado o teste do Chi-quadrado para análise estatística.
RESULTADOS: 480 pacientes procuraram o Centro para criopreservar sêmen antes de tratamento oncológico. O ca de testículo foi o mais prevalente (59,3%), seguido pelas neoplasias hematológicas (21.4%) e prostática (5.4%). A idade na criopreservação variou de 14 a 72 anos. A maioria dos pacientes (61.3%) tinha menos de 30 anos e 10,8%, mais de 40 anos. O tempo médio entre a criopreservação e o início do tratamento foi de 5,5 dias. O menor tempo entre o diagnóstico de câncer e a criopreservação foi observada nos casos de câncer hematológico (p=0,04). Onze pacientes apresentavam azoospermia; 3 deles criopreservaram parênquima testicular e 8 não fizeram criopreservação. Dos 472 que fizeram a criopreservação, 46.8% mantêm o material criopreservado, 34.3% descartaram, 1,9% transferiram para outra clínica, 8,5% abandonaram o material e 8,5% foram a óbito. A principal razão para o descarte foi ter filhos ou espermograma normal (n=96), mas 15,3% daqueles que tem filhos ainda mantém o sêmen criopreservado. A média etária no descarte foi 35,7±10,3 anos. O período de manutenção variou de 1 mês a 23 anos (média de 5±4 anos). Quarenta e sete pacientes foram submetidos à fertilização in vitro utilizando o sêmen criopreservado e 29 engravidaram (61,7%); outros 53 engravidaram espontaneamente.
CONCLUSÕES: o índice de gravidez com o uso do sêmen criopreservado é uma razão para uso da técnica em indivíduos com câncer. As entidades médicas devem trabalhar em divulgação e educação sobre o assunto, visto que muitos pacientes perderam a oportunidade de criopreservar maior quantidade de material devido à exiguidade de tempo até o início do tratamento e alguns não criopreservaram pois já estavam em tratamento oncológico.

Palavras Chave ( separado por ; )

sêmen; criopreservação; câncer; infertilidade

Área

Infertilidade

Instituições

Fertilitat - centro de medicina reprodutiva - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Mariangela Badalotti, Cláudio Telöken Teloken, Isadora Badalotti Teloken, Karin Carvalho Vasconcellos, Alvaro Petracco