IMPACTO DAS ALTERAÇOES NA ESCALA DE GLEASON DOS ULTIMOS ANOS EM BIOPSIAS E PEÇAS CIRURGICAS
Introdução: Descrito inicialmente na década de 60, o sistema de graduação de Gleason sofreu atualizações ao longo dos anos. A mais recente ocorreu em 2015 pela Sociedade Internacional de Uropatologia (ISUP). Em 2014, a ISUP, em conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS), definiu também uma nova forma de classificação para o adenocarcinoma prostático: a escala de fator prognóstico. Essa escala estratifica o Gleason em 5 grupos distintos, de acordo com seu prognóstico, sendo o grupo 1 mais favorável e o 5 de pior desfecho.
Objetivos: Reclassificar biópsias de próstata e peças de prostatectomia radical entre 2006 e 2014 quanto à escala de Gleason e Grupo Prognóstico (ISUP 2016). Comparar os resultados do laudo antigo com os revisados.
Métodos: Foram reavaliados 97 casos de biópsia prostática e 100 casos de prostatectomia radical (ISCMSP 2006-2014). As lâminas coradas em hematoxilina e eosina foram analisadas à microscopia óptica segundo os critérios da ISUP 2016 por duas uropatologistas. Os resultados discrepantes foram revisados conjuntamente, estabelecendo-se diagnóstico de consenso. Os dados foram compilados e comparados em tabelas dinâmicas da planilha de Excel (2018).
Resultados: Na análise comparativa entre laudos antigos e revisados, houve discrepância do Gleason e, consequentemente, do grupo prognóstico em 51,6% das biópsias e 54% das prostatectomias. Estas mudanças ocorreram, em sua maioria, com um Gleason revisado de valor menor que o original, nas duas categorias de exames. Nas biopsias, houve discreto aumento do Gleason 6 (32 para 36%) e importante redução do Gleason 8 (10 para 3%). Nas peças, a diferença no Gleason 6 foi mais expressiva (15 para 36%), com diminuição do 7 (49 para 39%).
Conclusões: A taxa de discrepância entre laudos antigos e revisados foi alta (51.6% em biópsias e 54% em peças). Tal fato está relacionado às mudanças dos critérios de graduação do Gleason ao longo dos últimos anos. Entretanto, deve-se considerar também a possível discordância interobservadores. Dessa forma, na tomada de decisões frente a laudos anteriores a 2014, é importante que seja feita a revisão do caso segundo os critérios mais atualizados da ISUP, de preferência por um patologista especializado em uropatologia.
próstata; adenocarcinoma; neoplasia de próstata; biópsia; prostatectomia
Uro-oncologia
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo - Brasil
Vítor Scucuglia Bugalho, Tatiana Veri de Arruda Mattos, Fabiana Toledo Bueno Pereira, Roni de Carvalho Fernandes, Gustavo Hideki Orikasa, Victor Hideo Ohama, Luís Gustavo Morato de Toledo, Dino Martini Filho