PREVALENCIA DE NOCTURIA E FATORES CLINICOS ASSOCIADOS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM BEXIGA HIPERATIVA
INTRODUÇÃO: A noctúria é definida pela International Children’s Continence Society (ICCS) como o despertar a noite para urinar. Já a bexiga hiperativa (BH) é uma disfunção do trato urinário inferior (DTUI) caracterizada como urgência miccional associada ou não à urgeincontinência, frequentemente acompanhada de noctúria e aumento da frequência miccional. A interrupção do sono causada pela noctúria compromete a qualidade de vida dos pacientes, e apesar da sua importância clínica, não foram identificados estudos que discorra sobre o tema em crianças e adolescentes. OBJETIVOS: Descrever a prevalência de noctúria e os fatores clínicos associados em crianças e adolescentes com BH. MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de um estudo descritivo utilizando dados coletados de prontuários. Foram analisados os pacientes com BH associado com noctúria, idade, sexo, a idade do desfralde, antecedentes de Infecção do Trato Urinário (ITU), ITU febril, incontinência diurna, polaciúria (número de micções por dia maior ou igual a 8), micção infrequente (até 3 micções por dia), incontinência aos esforços, dificuldades miccionais, manobras de postergação urinária e suas frequências, jato miccional, corrimento vaginal, irritação vaginal, dor em região hipogástrica, constipação, diário miccional e escore de Toronto. RESULTADOS: Participaram do estudo 244 pacientes, dos quais 31,1% (Intervalo de Confiança de 95%: 25,4 a 37,3) apresentaram queixa de noctúria. Desses 244 pacientes, 147 (60,2%) eram do sexo feminino e 97 (39,8%) eram do sexo masculino. Além disso, a mediana de idade foi de 8 anos (Intervalo Interquartil: 6 a 11 anos) e participaram do estudo 71 (29,7%) pacientes com idade de 4 a 6 anos, 102 (42,7%) pacientes com idade de 7 a 10 anos e 66 (27,6%) pacientes com idade maior que 10 anos. A associação de noctúria com as variáveis clínicas analisadas não foi estatisticamente significante. CONCLUSÃO: Foi encontrada uma prevalência de noctúria de quase um terço nos pacientes portadores de BH e não houve significância estatística nas associações de noctúria e as variáveis clínicas analisadas. Apesar de não terem sido identificados trabalhos na literatura sobre o impacto da noctúria na vida das crianças e adolescentes, pode-se inferir que eles também são afetados em sua forma biopsicossocial. Logo, é necessário conhecer a prevalência de noctúria nessas faixas etárias, os impactos gerados por ela e que novos estudos sejam feitos em prol da qualidade de vida desses pacientes.
noctúria; crianças; bexiga hiperativa
Urologia Pediátrica
Centro de Distúrbios Miccionais na Infância (CEDIMI)- Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública - Bahia - Brasil
Isabela Navarro Freire Moreira, Rhaiana Gondim Oliveira, Glícia Estevam de Abreu, Ubirajara de Oliveira Barroso Júnior