TRATAMENTO DE FISTULAS RETOVESICAIS POS PROSTATECTOMIA RADICAL
As fístulas retovesicais constituem complicação rara, porém devastadora, representando um desafio na Urologia Reconstrutora. Devido à pequena taxa de resolução espontânea da fístula, a correção cirúrgica torna-se necessária na quase totalidade dos casos. Apesar da existência de várias técnicas cirúrgicas, os índices de recorrência são consideráveis, portanto a experiência técnica torna-se de extrema importância para conduzir a abordagem de cada caso.
Objetivos: descrever nossa experiência no reparo de fístulas retovesicais após prostatectomia radical.
Métodos: Relatamos a experiência de nossa instituição com fístulas retovesicais no período de julho de 2016 a agosto de 2018. Foram revisados dados clínicos incluindo a idade, sintomas, tipo de reconstrução cirúrgica, seguimento e resultados.
Resultados: Foram identificados e tratados 5 pacientes com fístula retovesical após 162 prostatectomias radicais realizadas (sendo 64 por via laparoscópica e 98 por via aberta). A idade média dos doentes era de 63 anos (58-68). Quatro deles apresentaram fístula após prostatectomia radical videolaparoscópica, que foram convertidas e um deles por via aberta. Nenhum deles foi submetido a radioterapia. Derivação fecal com colostomia e derivação urinária com cateterização uretral foram realizadas em todos antes da correção cirúrgica da fístula. Houve resolução espontânea da fístula em apenas um paciente. Um deles foi submetido à tentativa de correção por via abdominal, sem sucesso. Três pacientes foram submetidos à correção da fístula por via perineal com uso de retalho de Gracilis e um deles com uso de cola biológica. Em todos houve resolução da fístula e quatro tiveram o trânsito intestinal reconstruído. Um dos doentes permanece ainda com colostomia. O tempo médio de seguimento foi de 11,8 meses (6-24).
Conclusão: As fístulas retovesicais são uma complicação pouco frequente, mas com grande dificuldade na conduta terapêutica, além de trazer significativa morbidade e prejuízo na qualidade de vida. Sua incidência pode estar aumentada em serviços de ensino devido à influência da curva de aprendizado técnico. O reparo com interposição de músculo Gracilis representa alternativa técnica segura e efetiva para o tratamento de fístulas retovesicais pós prostatectomias radicais, podendo ser também considerado o uso da cola biológica como uma boa opção terapêutica.
Fístula retovesical; Prostatectomia radical; Gracilis.
Trauma / Uretra / Urologia Reconstrutora
Hospital Federal do Andarai - Rio de Janeiro - Brasil
Sherly Cabral Silva, Fabiano Jose Nascimento, Valter Javaroni, Tarcisio Silva Oliveira, Jorge Luiz Domingos, Felipe Carlos Oliveira, Wagner Lignani Kascher, Vinicius Vargas Santos, Jose Alexandre Araujo, Pedro Augusto Souza