CISTECTOMIA RADICAL LAPAROSCOPICA COM CONDUTO ILEAL INTRACORPOREO TOTALMENTE MANUAL: PADRONIZAÇAO DA TECNICA.
Introdução: A cistectomia radical é o padrão ouro para o tratamento de tumores vesicais com invasão da camada muscular. A via laparoscópica pode trazer benefícios com relação a morbidade transoperatória e tempo de recuperação. O conduto ileal é uma das derivações urinárias mais utilizadas, porém a sua execução laparoscópica é tecnicamente desafiadora e, geralmente, requer auxilio de grampeadores ou da cirugia robótica. Objetivos: Apresentamos uma técnica padronizada para execução da cistectomia radical por laparoscopia pura e a confecção do conduto ileal totalmente manual e intracorpóreo.
Métodos: Paciente do sexo masculino, 72 anos, com queixas de urgência miccional e hematúria macroscópica, com histórico de tabagismo durante 30 anos. Histopatológico evidenciou carcinoma urotelial de alto grau, invadindo a camada muscular. Foi então proposta a cistectomia radical com conduto ileal. Foi realizado acesso transperitoneal com 4 trocarteres. Realizada dissecção dos ureteres bilateralmente até próximo da bexiga, dissecção retrovesical das vesículas seminais, clipagem e secção dos pedículos laterais da bexiga, secção da uretra e ligadura da veia dorsal com vicryl 2-0. Linfadenectomia pélvica bilateral com limite proximal na bifurcação de vasos ilíacos comuns. Em seguida, foi realizada derivação urinária intracopórea em conduto ileal e reimplante ureteral pela técnica de Wallace. Ao final, foi feita entero-entero anastomose término-terminal através de sutura manual contínua com prolene 3-0. Colocação de dreno de sucção, retirada da peça em bolsa extratora e síntese por planos. Resultados: O tempo total da cirurgia foi 237 minutos, com perda sanguínea intraoperatória de 200 ml de sangue. Não houve complicações. Anatomopatológico: Carcinoma urotelial de alto grau, com linfonodos negativos. Após 20 dias da cirurgia, paciente apresentou quadro de pielonefrite, tratada clinicamente com base na cultura. Apresentou evolução favorável, sem recidiva tumoral e com manutenção da função renal durante o acompanhamento por 1 ano e 4 meses. Conclusões: A cistectomia radical laparoscópica com derivação urinária manual e intracorpórea, mostrou-se eficaz e segura. Apesar de tecnicamente desafiadora, a padronização dos tempos operatórios e curva de aprendizado podem ajudar na reprodução deste procedimento em centros com baixo poder econômico.
Palavras-chaves: cistectomia radical; conduto ileal; laparoscopia
Uro-oncologia
Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ) - Paraíba - Brasil
VICTOR DE LIMA LACERDA, IGOR DE OLIVEIRA MELO, MATHEUS DA COSTA SOUTO, LUCAS FERNANDO BEZERRA SOUSA, GABRIELLA BENTO DE MORAIS, ARTHUR HENRIQUE DA SILVA DUTRA, PAULO HENRIQUE DA HOLANDA RIBAS, RAFAEL BATISTA REBOUÇAS