DEFICIÊNCIA DE TESTOSTERONA COMO MARCADOR DE RISCO CARDIOVASCULAR EM HOMENS
Introdução: Estudos têm demonstrado que a Síndrome Metabólica (SMet) e seus componentes são fatores de riscos de doença cardiovascular, e também estão associados a baixos níveis de testosterona (T). Entretanto, o efeito incremental dos componentes da SMet na deficiência de testosterona (DT), bem como as magnitudes desta associação ainda não foram bem estabelecidas. Objetivo: Investigar a associação entre os níveis de T e os componentes da SMet com o risco cardiovascular em homens de 45 a 75 anos de idade, avaliados num programa de saúde masculina numa região metropolitana do Nordeste brasileiro. Métodos: Foram revistos prontuários de 2796 homens com idade média de 57[50-65] anos avaliados num programa de Saúde do Homem de janeiro de 2014 a fevereiro de 2019. Além da história clínica, exame físico e dosagem do PSA, avaliou-se presença de hipertensão arterial, diabetes, valor da circunferência abdominal e o perfil lipídico sérico (CT, HDL e triglicérides). SMet foi diagnosticada quando 3 ou mais fatores estivessem presentes. DT foi definida como T total sérica <300ng/dL. Resultados: A prevalência geral DT foi de 23,3% na população estudada, e a idade não diferiu entre aqueles com e sem DT, respectivamente 59[50-66]anos e 58[50-67]anos (p=0.189). O diagnóstico de SMet foi estabelecido em 34,3% dos indivíduos e associou-se com DT (OR=3.29, IC95% 2.49-4.29) (p<0,001). Os níveis séricos medianos de T decresceram progressivamente com o aumento dos componentes de SMet: 466 [373-593], 420 [338-553], 397 [308-513], 356 [292-441], 306 [242-416], 267 [212-383] ng/dl para 5, 4, 3, 2, 1, e 0 componentes, respectivamente. Observou-se uma redução média de 40 ng/dl para cada componente agregado. A prevalência de DT aumentou com o aumento do número de componentes, sendo que em indivíduos eutróficos foi de 8,9%, e respectivamente de 14,4%, 21,9%, 27,7%, 48% e 54% nos sujeitos com 1, 2, 3, 4 e 5 componentes. Conclusão: Idade não diferiu entre os grupos, sugerindo um papel menos importante da mesma como fator de risco para DT. Observou-se estreita correlação entre o aumento da prevalência de DT bem como significativo decréscimo dos níveis da T com aumento do número de componentes da SMet, o que reforça a importância dos mesmos na gênese e manutenção do DT. Os níveis de testosterona, mais que um epifenômeno, talvez possa ser entendido e utilizado na prática clínica como biomarcador adicional de risco cardiovascular.
deficiência de testosterona; síndrome metabólica; risco cardiovascular
Disfunção Sexual
Universidade Estadual de Feira de Santana - Bahia - Brasil
Thais Macedo Amorim, Ana Carolina Silva Assunção, Igor Vasconcellos Nunes, Monique Tonani Novaes, Taciana Leonel Nunes Tiraboschi, Joice da Silva Santos, Breno Batista de Oliveira, Edval Gomes dos Santos-Júnior, André Luiz Cerqueira Almeida, José Bessa-Jr