SEGUIMENTO A LONGO PRAZO DE LACTENTES COM DISFUNÇÃO DO TRATO URINÁRIO INFERIOR (DTUI)
Objetivos
Avaliação evolutiva da função vesical em lactentes com DTUI, cujo tratamento teve início no primeiro ano de vida. Relatar a evolução do RVU neste grupo de crianças.
Métodos
Selecionados 68 lactentes com DTUI, Teste de 4 horas de observação miccional(4h-OM), urodinâmica(UD) e seguimento>24 meses. 4h-OM: frequência urinária(FM), volume urinado(VU), resíduo urinário(RU), eficiência da micção(VU/VU+RU)*100%, capacidade vesical funcional(CVF) >VU+RU, % da capacidade vesical estimada(CVE). CVE: idade(meses)x2,5+30ml. DTUI: hiperatividade do detrusor(HD), hipoatividade de detrusor(HipoD) e disfunção miccional(DM).
Resultados
68 lactentes, 46% masculino, idade 9.0±7,1meses, seguimento 37±11 meses.
- Teste 4h-OM(12±7.4meses): aumento na FM (5±2.5 micções) e do RU (21±15%), eficiência da micção<80% em 54%, CVF 46-282%
(16%<65%; 16%>150%); CV
Diferenças entre avaliações:
capacidade cistométrica 143±54% da CVE; 127±50%; 103±35% (p<0.0001)
complacência 6.8±5.8; 10±6.6; 12.6±6.8ml/cmH2O(p<0.0001)
hiperatividade 30 pacientes(44%), 20(29%) e 24(35%) (p=0.084).
- Mudança tipo DTUI (p<0.0001):
Inicío 3(4%) HD, 27(40%) HD+DM, 36(53%) DM e 2(3%) HipoD
Final 8(12%) HD, 13(19%) HD+DM, 16(24%), 5(7%) e 26(38%) normal.
- RVU: 22 pacientes(32%), 32 ureteres, grau I-III 54%, IV-V 46%.
- Resolução do RVU: 18(38%) ureteres (15 I-III, 3 IV, 1 V), redução 5(16%) , mesmo grau 8(25%) e aumento 1(3%).
- Lesões renais: 35%(18), bilateral 4(22%); 26(38%) hipertensão. 30(44%) crianças.
- Tratamento: oxibutinina 27(40%); profilaxia antibiótica para todos; neuromodulação parassacral acima de 18 meses; uroterapia;
biofeedback(BF) após desfralde (melhora do fluxo p<0.0001).
- Retirada fralda diurna 62(90%) com 2.7±2,3 anos, noturna 50(74%) com 3.0±2.6 anos.
Conclusões
A correlação DTUI, ITU febril, RVU e cicatrizes renais é bem estabelecida em crianças maiores. Inicialmente descrita em lactentes com anomalias congênitas nos primeiros meses de vida. Alterações na dinâmica vesical afetam o trato urinário superior com risco de cicatrizes renais, hipertensão arterial e doença renal crônica. Investigação funcional com teste 4h-OM e UD permite maior compreensão da fisiopatologia da função vesical em lactentes. Modificações funcionais ocorrem na evolução e o seguimento permite uma modulação ativa do tratamento durante a infância, com melhor controle das comorbidades.
lactente, refluxo vesicoureteral, disfunção, infecção urinária
Urologia Pediátrica
Clinica Nefrokids - Paraná - Brasil
Rejane de Paula Bernardes, Carla Gomes Caldeira Marques, Mari Estela Garcia