PROGRESSAO DO ESCORE DE GLEASON (UPGRADING) EM PACIENTES ISUP 1 EM BIOPSIA SUBMETIDOS A PROSTATECTOMIA RADICAL: ANALISE DESCRITIVA E RELAÇAO COM SOBREVIDA LIVRE DE RECORRENCIA BIOQUIMICA
INTRODUÇÃO
O escore de Gleason descrito na biópsia de próstata é ferramenta indispensável na determinação do prognóstico dos pacientes com câncer de próstata (CaP) e influencia diretamente na tomada de decisão terapêutica. Pacientes submetidos a prostatectomia radical (PR), porém, podem apresentar até 50% de discordância entre o Gleason inicial reportado na biópsia e o Gleason definitivo na peça cirúrgica, em que a glândula e o tumor são analisados em sua totalidade. Mais especificamente, a progressão do escore (upgrading) na peça cirúrgica, por sua vez, ocorre em até 30% dos casos segundo a literatura atual e tem impacto conhecido nas taxas de recorrência bioquímica (elevação acima de 0,2 ng/ml).
OBJETIVOS
Investigar a correlação entre a progressão do escore de Gleason e as taxas de sobrevida livre de recorrência bioquímica (RB) após PR em pacientes tratados por CaP.
MÉTODOS
Este foi um estudo retrospectivo, realizado a partir da coleta de dados de prontuários eletrônicos de pacientes tratados entre 2009 e 2015. Os dados foram compilados, descritos e submetidos a análise estatística (SPSS 23.0 e STATA 15).
RESULTADOS
Foram avaliados 239 pacientes inicialmente diagnosticados com Adenocarcinoma Gleason 6 (3+3) e posteriormente submetidos a PR. O escore de Gleason da biópsia se confirmou na peça cirúrgica em 114 (48%) pacientes enquanto que houve elevação nos outros 125 (52%). No grupo com elevação, 105 (92% ) eram Gleason 7 (3+4 e 4+3) enquanto que 20 (8%) foram diagnosticados com doença de alto risco (Gleason 8 e 9) na peça cirúrgica.
Ao todo, 65 pacientes apresentaram RB durante o seguimento. Nesta coorte foram observados 28 (22%) pacientes com RB’s no grupo sem elevação e 37 (32%) no grupo com elevação do Gleason pós-operatório, porém essa diferença não foi estatisticamente significante (p = 0.08). A sobrevida livre de RB, porém, foi significativamente menor, de 7,62 anos [IC 95%, 7.09 – 8.05] no grupo com elevação do Gleason vs. 8,57 anos [IC 95%, 8.23 – 8.91] para o subgrupo com Gleason 6 mantido na peça cirúrgica (p = 0.01).
CONCLUSÃO
Este estudo demonstrou taxas globais semelhantes de RB, porém menor sobrevida livre de RB nos pacientes com Gleason 6 na biópsia inicial e elevação do Gleason pós-cirúrgico. Estudos adicionais são necessários para determinar se esta elevação pode ser usada como ferramenta na indicação de terapias adicionais após a cirurgia radical de próstata.
Câncer de Próstata; Gleason; Upgrading; Prostatectomia radical
Uro-oncologia
Hospital Erasto Gaertner - Paraná - Brasil
Ronald Kool, Jônatas Luiz Pereira, Alzemir Santos da Silva Junior, Raphaella de Paula Ferreira, Eduardo Da Cás, Julia Goginski, Luiza Mesquita Barbosa, Phillipe Abreu, Murilo de Almeida Luz, Flavio Daniel Saavedra Tomasich